Encontrando Força Juntas: Vozes das Nossas Sessões de Apoio Mútuo
Para mulheres latino-americanas no Reino Unido, enfrentar as realidades isoladoras e muitas vezes ocultas do abuso doméstico é ainda mais desafiador devido às dificuldades de ser migrante. Todos os anos, o LAWRS organiza sessões de apoio mútuo adaptadas às necessidades da nossa comunidade. Nosso objetivo é criar um espaço seguro onde essas mulheres possam compartilhar suas vozes, recuperar seu poder e dar passos rumo à recuperação.
Enfrentando Desafios Únicos
As barreiras sistêmicas e o ambiente hostil no Reino Unido tornam uma situação já difícil ainda mais desafiadora, colocando em risco direitos humanos fundamentais. Os agressores frequentemente usam esse ambiente hostil para manterem suas vítimas/sobreviventes aprisionadas. O LAWRS reconhece que as vítimas/sobreviventes migrantes não são vulneráveis por natureza, mas tornam-se vulneráveis devido às injustiças estruturais que enfrentam – seja pelo acesso limitado a recursos, desafios impostos pela condição de Sem Acesso a Fundos Públicos (NRPF), status migratório precário ou estigmas culturais relacionados ao abuso e violência doméstica.
As sessões deste ano incluíram, pela primeira vez, um foco em políticas públicas. Esse novo elemento abordou os desafios mais amplos enfrentados pelas vítimas/sobreviventes e buscou capacitá-las a se tornarem parte da mudança.
Por meio da colaboração entre as equipes de Violência Contra Mulheres e Meninas (VAWG) e Políticas Públicas, essas sessões amplificaram as vozes das sobreviventes e uniram suas jornadas pessoais às campanhas e à defesa promovidas pelo LAWRS.
Um Espaço para Recuperação e Empoderamento
Essas sessões ofereceram muito mais do que informações - foram um santuário de segurança, confidencialidade e, acima de tudo, liberdade para compartilhar experiências sem julgamentos. Para várias participantes, foi a primeira vez que se sentiram realmente vistas e ouvidas.
Como uma participante compartilhou: "Achei que não conseguiria falar porque tenho muita dificuldade. Mas este grupo foi diferente. Ele me deu força para me abrir. Saber que não estava sozinha fez toda a diferença."
Cada sessão foi estruturada de forma única, abordando temas que ressoaram profundamente com as experiências vividas pelas sobreviventes, incluindo:
- Privilégios Masculinos e Papéis de Gênero: Refletindo sobre como normas culturais perpetuam a desigualdade.
- O Ciclo da Violência: Reconhecendo padrões prejudiciais, com uma participante admitindo: "Achei que fosse amor."
- A Roda do Poder e Controle: Identificando e entendendo comportamentos abusivos.
- Estágios da Jornada: Focando seguir em frente e retomar suas vidas.
- Mitos sobre o Abuso Doméstico: Derrubando tabus e reconstruindo a autoestima após o abuso emocional.
- Protegendo as Crianças: Oferecendo ferramentas para proteger os filhos da manipulação e do dano.
Esses tópicos ilustraram as normas culturais e os papéis de gênero associados às expectativas familiares, como permanecer com o agressor independentemente do abuso e trauma, especialmente se houver filhos envolvidos, criando barreiras adicionais para reconhecer e enfrentar o abuso.
Superando Expectativas
A maioria das participantes chegou às sessões incertas, carregando fardos pesados de medo, raiva e dúvidas. Uma participante descreveu sua jornada: "Vim com muita raiva, mas, por meio dessas sessões, me sinto empoderada. Falar sobre esses temas foi incrivelmente útil. Este grupo foi muito proveitoso, dinâmico e respeitoso."
Outra refletiu sobre como essas sessões superaram suas expectativas iniciais: "Achei que seria como outros grupos de apoio, talvez algo como os Alcoólicos Anônimos. Mas, depois da primeira sessão, percebi que era completamente diferente. Foi perfeito para mim - um espaço para conversas verdadeiras. Ajudou-me mais do que eu poderia imaginar."
Uma Comunidade
Uma das realizações mais poderosas do grupo foi o entendimento compartilhado de que o abuso doméstico afeta mulheres independentemente de idade, educação ou origem. Uma participante compartilhou: "Pela primeira vez, percebi que o que eu estava passando fazia parte do ciclo da violência. As informações me deram clareza e me ajudaram a tomar a decisão de sair do relacionamento e ficar com meu bebê."
Essa conexão criou um efeito dominó de empoderamento. Muitas mulheres expressaram o desejo de compartilhar o que aprenderam com outras pessoas da comunidade latino-americana, criando um efeito cascata de conscientização e apoio. "Queremos divulgar para que mais mulheres saibam que existem espaços seguros como este," explicou uma participante.
Além das Sessões: Um Chamado à Ação
O LAWRS permanece comprometido em ouvir e apoiar as vozes da nossa comunidade; em buscar direitos iguais e justiça social para todas as mulheres latino-americanas e migrantes no Reino Unido. Queremos que as sobreviventes lembrem que o que viveram não é culpa delas e que suas vozes são poderosas e um catalisador para mudanças.
Essas sessões de apoio mútuo são uma oportunidade/um começo para aprofundar esses pontos. Ao final das sessões, algumas mulheres foram inspiradas a se envolver mais, expressando o desejo de participar do trabalho de defesa e políticas do LAWRS como parte de sua jornada de cura.
A missão do LAWRS é garantir que nenhuma mulher enfrente essa jornada sozinha. Desde o fornecimento de recursos essenciais até a amplificação de vozes, nosso trabalho é fundamentado na crença de que toda sobrevivente merece apoio, dignidade e um caminho para a recuperação .
Uma Mensagem à Nossa Comunidade: Você Não Está Sozinha
Para todas as mulheres latino-americanas enfrentando desafios semelhantes: você não está sozinha. Espaços como este existem para ajudá-la a curar, encontrar sua força e usar sua voz para defender seus direitos.
Como disse uma participante: "Eu me sinto muito forte." Outra compartilhou: "Sou muito grata por toda a ajuda; isso foi muito significativo para mim."
Suas experiências importam, e sua voz é poderosa. Vamos continuar a nos fortalecer e construir uma comunidade onde todas as mulheres se sintam vistas, ouvidas e apoiadas.
Se você ou alguém que você conhece precisa de apoio, o LAWRS está aqui para você. Entre em contato conosco - este espaço é seu, e estamos prontas para ouvir.
Trazendo propósito para minha vida
Por Rizia, voluntária na linha de apoio do LAWRS e na equipe de psicoterapia como administradora.
Introdução
Prazer em conhecê-lo, meu nome é Rizia Cabral. Sou brasileira, nascida na região amazônica, terceira filha de 5 filhos, psiquiatra formada e há mais de um ano sou voluntária do Serviço pelos Direitos das Mulheres Latino-americanas
Quando decidi me candidatar a um cargo de voluntária no LAWRS, estava buscando realização em minha nova vida no Reino Unido. Com um inglês básico, eu estava tentando dizer em voz alta que queria mais dessa experiência de viver em terras estrangeiras. Não consegui ocupar a vaga disponível na equipe do VAWG após minha entrevista para o cargo. Mas o primeiro passo já havia sido dado. A coordenadora de voluntariado, Betsy, prontamente me ofereceu uma nova oportunidade para desempenhar outra função como agente da linha de apoio em português. Dessa vez, estudei muito para dar o meu melhor na entrevista. Meu desejo de me sentir útil e voltar ao trabalho ganhou ainda mais força depois de conhecer e aprender mais sobre o LAWRS. Dessa vez, a vaga era minha.
Minha experiência como Agente de Linha de Apoio
Ouvir as vulnerabilidades das mulheres latino-americanas e trabalhar em equipe no primeiro contato e na recepção das usuárias do serviço foi ótimo. Apoiar nossa comunidade e sentir que você pertence a um grupo foi incrível. Nunca imaginei o forte impacto que isso poderia ter em minha vida pessoal. Pude perceber a extensão de meus privilégios quando me dei conta do número de mulheres que passam e lidam com sofrimento extremo aqui no Reino Unido. Ao mesmo tempo, me identifiquei com os sofrimentos compartilhados por todas nós, mulheres latino-americanas: o desafio de um novo idioma, um novo ambiente, uma nova perspectiva de vida, saudades de casa e muitos outros. Também aprendi muito sobre minha capacidade de adaptação e resiliência, necessárias para seguir em frente. Desenvolvi mais confiança em minha capacidade intelectual, criei estratégias para lidar com meus medos e minhas falsas crenças sobre mim mesma. Cada mulher que apoiei na linha de apoio me ensinou com sua história e me tocou como ser humano de forma transformadora.
Transição para Administradora do serviço de Psicoterapia
Continuo a trabalhar como administradora voluntária da equipe de psicoterapia. Percebo uma grande e profunda mudança em mim no campo profissional. Não estou apenas envolvido com a comunidade latino-americana, participando de workshops ou entrando em contato com nossos clientes para medir dados de humor e ansiedade ou verificar sua satisfação com o serviço oferecido. Mas também participei de discussões e trocas de experiências com minhas colegas psicólogas e conselheiras no escritório.
Essa troca tem sido muito rica em termos de aprendizado, bem como de incentivo pessoal, para que eu dê mais passos profissionais e acadêmicos aqui no Reino Unido. Para dar um exemplo: Estou no processo de validação de minha especialidade aqui. Fui aprovado em meu primeiro exame (exame A) no Royal College of Psychiatrists.
Naquela época, antes de conseguir me expor à minha primeira entrevista como voluntária, eu não podia nem sonhar em exercer minha profissão aqui no Reino Unido. Antes, havia apenas momentos fugazes em que eu conseguia me ver trabalhando como médico aqui no Reino Unido. Mas o fato de ter sido acolhida pelo LAWRS abriu as portas para que eu fizesse mudanças definitivas, mudanças de pensamento e comportamento.
Agora, estou trilhando um caminho cheio de propósito e esperança. Mal posso esperar para compartilhar ainda mais com vocês. A cada integrante do LAWRS e a cada pessoa alcançada por nossos serviços: muito obrigado!
Join our Young Women’s Advisory Board 2024
Would you like to inspire and unlock your full potential to champion and lead action to tackle violence against women and girls (VAWG)?
At LAWRS, we are looking for 12 enthusiastic Latin American Young Women aged 18 to 24, based in London, to join our Young Women’s Advisory Board for one year.
What’s it about?
The Young Women’s Advisory Board is an initiative by the Latin American Women’s Rights Service (LAWRS) and its project for girls and young women: Sin Fronteras. The programme seeks to train Latin American Young Women for collective action at the intersection of migration, age, and gender, amongst others.
This programme provides you with theoretical and practical skills in feminist leadership and advocacy that you will be able to apply in your life, your career, and your community.
The program will be held in English and Spanish, and meetings will be in-person in London.
Who’s it for?
Latin American Young Women aged 18 to 24*, based in London, are invited to participate in the Young Women’s Advisory Board and will receive a stipend to support their engagement in the programme (at London Living Wage levels).
Please note: this also includes first and second-generation of young women with Latin American ethnicity and European/UK nationality.
* Please notice you must be at most 24 years old by the time of submitting the application form.
How?
The one year programme (Apr.2024 - Mar.2025) consists of 8 sessions Leadership and Advocacy training (Saturdays, Jun. Oct and Sep. 2024), 9 Discussion Meetings about tackling violence against women and girls (VAWG) as Latin American young migrant women advocates (Apr, Jun, Nov, Dec 2024, Jan, Feb and Mar 2025) and 3 planned activities (LAWRS’s Annual General Meeting (AGM), LAWRS’ International Women’s Day (IWD) and the Million Women Rise March). (Nov.2024 and Mar.2025)
Programme Timeline
Programme Starts: Saturday 27th April - Opening Session. (11 am – 3 pm) in-person in London.
Saturday 11th May: Discussion session to set goals for the year. (11 am – 3 pm) in-person in London.
Leadership and Advocacy training sessions:
- Saturdays 08th and 15th June 2024. (11 am – 4 pm) in-person in London.
- Saturdays 07th, 14th, 21st and 28th June 2024. (11 am – 4 pm) in-person in London.
- Saturdays 12th and 26th October 2024. (11 am – 4 pm) in-person in London.
Further discussion sessions:
- 13th and 27th Jul, 9th Nov, 7th Dec. 2024, 25th Jan and 15th Feb 2025. (11 am – 3 pm) in-person in London.
Other activities*:
- 23rd Nov. 2024 - LAWRS’ AGM
- 1st Mar. 2025 - LAWRS’ IWD
- 8th Mar. 2025 - Million Women Rise March
* Throughout the year we expect to have participative activities where the YWAB can amplify their network and uptake action. It will be In-person meetings in London, time to be confirmed. These are highly recommended activities, however they are not compulsory and will not be financially compensated.
Program Ends: Saturday 15th March 2025.
Benefits
With the Young Women’s Advisory Board, you can gain skills, meet new people, and influence LAWRS’ policy work bringing youth voices to the centre of the organisation and the public debate.
Get involved in the work that we do, get paid for your time, gain valuable experience to include in your CV, get trained in leadership and activism, and be invited to LAWRS events and beyond!
This is your chance to create a more equal world for girls and young women, participate in a collective social change actions programme to tackle violence against women and girls (VAWG), and shape LAWRS’ policy work.
Apply Now!
Apply online using our Application Form
Applications are open until Monday, 22nd April 2024.
Please note that completion of the application form does not guarantee a place in the programme. If your application is accepted, you will be invited to an online interview/call in the following days. If selected, you are expected to attend the PYL’s Leadership and Advocacy training in September.
Contact
Taline, the project coordinator, would be happy to talk to you if you have any questions or need support with your application.
Contact her at: sinfronteras@lawrs.org.uk / 07802 645001.
We would be grateful if you could also share this information with your network, as we want to ensure many young women know about this opportunity, especially those with a passion for making a difference in the lives of women and girls.
Thank you for taking an interest. We can’t wait to hear from you!
VAWG Sector Joint Statement on Social Housing Allocations Consultation
March 2024
The government’s ‘British homes for British people’ proposal raises strong concerns from the VAWG sector, especially for by-and-for organisations that support marginalised groups. The proposed changes to the social housing allocation as a means to tackle a chronic lack of suitable social housing would create further barriers and discrimination towards survivors of domestic abuse and other forms of violence against women and girls (VAWG), preventing them from accessing safe and affordable housing at a time when local councils are on their knees, facing unprecedented financial difficulties and demand for social housing. Marginalised groups will be greatly disproportionately impacted. Migrant survivors of VAWG, in particular, will be forced to face another barrier in the already existing hostile environment.
Safe, affordable housing – including social homes – for women and children escaping VAWG is an urgent priority. Our organisations see first hand the devastating cost of the housing crisis on survivors, who are often forced to ‘choose’ between homelessness and housing insecurity or remaining with a perpetrator, leaving them in trapped situations. But the government’s proposals to restrict access to the social housing register based on the number of years households have lived in the UK, or within their local area, will do nothing to tackle this. Instead, survivors will face even greater restrictions to accessing the severe lack of social housing and these policies will contribute further to the already existing hostile environment facing migrant women. It is highly concerning that the changes will remove access or social housing for migrant women who do have recourse to public funds, such as refugees, despite their eligibility being protected by international law.
Migrant survivors of VAWG, once again, will have to desperately try to navigate in a system that already affects them disproportionately. There is little relevance between the policy and the needs of survivors. Children will also be heavily implicated, creating further instability and uncertainty to their safety. Rather than implementing the urgent changes survivors need to exempt them from restrictive local connection requirements, the Government has chosen to prioritise further consultation on these divisive measures.
LAWRS, along with other organisations in the VAWG sector urge the Department for Levelling Up, Housing and Communities to prioritise building more social housing and delivering the reforms that women and children experiencing VAWG desperately need. The Government should urgently publish its response to the local connection restrictions and joint tenancy reform, and deliver its commitment to empower survivors with the ability to decide what is best for them - remaining in their own home or moving to another home - rather than proceeding with harmful changes to social housing allocations. Most importantly, urgent measures should be taken to provide all survivors, namely those with no recourse to public funds, with equal access to life-saving domestic abuse support and safe accommodation.
Read our full statement here
Caminhos de apoi
Por Mariana (She/her)
Recentemente, como parte do meu voluntariado com a LAWRS, participei de um grupo de apoio para mulheres sobreviventes de abuso doméstico e violência de gênero. Este é um espaço projetado para oferecer segurança, confidencialidade e, acima de tudo, liberdade para compartilharmos nossas experiências sem qualquer julgamento.
Inicialmente, admito que não sabia o que esperar. A ideia de encontrar pessoas desconhecidas para discutir tópicos que muitas vezes evitamos até com aqueles mais próximos parecia incomum, intimidadora e desconfortável. Como abordar questões tão complexas e dolorosas? E se ninguém quisesse compartilhar suas experiências?
Nossas reuniões foram estruturadas em torno de temas específicos: desde papéis de gênero até relacionamentos saudáveis e os mitos em torno do abuso doméstico, entre outros. Preparamos materiais para cada sessão, como vídeos, músicas ou outros tipos de conteúdo, que se tornaram pontos de partida para nossas discussões em grupo.
Cada sessão era única, nos aproximando como grupo, mas também nos tornamos mais próximas de nós mesmas. Aprendi que entender nossa dor se tornava mais fácil e evidente ao vê-la refletida em outras colegas, e a compaixão que tínhamos ao ouvir suas histórias era a mesma que deveríamos aplicar a nós mesmas. Descobri novas perspectivas e encontrei um sentido inesperado de camaradagem, uma compreensão mútua.
Conforme as sessões avançavam, compartilhar se tornava mais fácil e a participação mais confortável; cada semana parecia uma reunião com velhas amigas. Mas, sem dúvida, a parte mais inesperada da minha experiência foi perceber que esse lugar, destinado a abordar questões difíceis, estava cheio de risos e alegria. Apesar de tratar de assuntos sérios, encontramos momentos de leveza e camaradagem. Cada mulher que participou dessas sessões me presenteou com um pedaço de sua história, um pedaço de sabedoria que carrego comigo.
Essa experiência me mostrou que nossas vivências como mulheres, embora diversas, nos conectam no mesmo contexto. As injustiças e violências que enfrentamos não discriminam idade, país, educação ou status socioeconômico. Somos irmãs nesta luta comum, compartilhando uma compreensão que transcende nossas diferenças.
É curioso como encontramos algum conforto ao perceber que não estamos sozinhas em nossas experiências e emoções. Sentir-se validada ao saber que outras mulheres enfrentaram situações semelhantes. No entanto, esse conforto é sobrecarregado pelo esforço de refletir sobre o 'porquê'.
Nos perguntamos: por que nossas histórias são tão parecidas? Por que nos encontramos repetidamente em situações vulneráveis? Por que nos sentimos injusta e desproporcionalmente julgadas? É perturbador ver como estamos constantemente na posição de sermos vítimas dos mesmos crimes e injustiças. Isso nos leva a questionar por que, apesar do progresso e dos esforços, ainda enfrentamos essas barreiras, essas limitações impostas simplesmente por sermos mulheres.
Nos vemos precisando adotar uma postura defensiva, um estado persistente de alerta. Mas há momentos em que também fazemos parte desse ciclo, julgando aqueles que tentam desafiar essas limitações impostas a nós, mas que estão tão profundamente enraizadas que muitas vezes as impomos a nós mesmas.
Neste grupo, fui lembrada da importância de uma luta contínua pela igualdade, da necessidade de romper com estruturas limitantes e do desejo de construir um mundo mais equitativo e justo para todas as mulheres.
Foi um prazer e uma honra compartilhar este espaço com essas mulheres resilientes, e, acima de tudo, descobri que o apoio mútuo e a discussão aberta e respeitosa são um refúgio e um espaço para crescimento e cura.
Empowering Voices: LAWRS’ Young Women's Advisory Board Launch their first campaign
In a world where diverse voices are increasingly recognised through making their way to be heard, a group of remarkable young Latin American women based in London is stepping onto the political stage with a vision of social change. These young women are not only challenging stereotypes but also working towards contributing to reshaping the political landscape in the UK.
In commemoration of the International Day for the Elimination of Violence Against Women and the beginning of the 16 Days of Activism Against Gender-Based Violence
We will spotlight the work our YWAB has developed in the last months.
The campaign includes 12 images that portray their work on identifying the barriers to support that young Latin American Migrant Women encounter when facing violence against women and girls (VAWG).
The Latin American community in the UK remains invisible and underserved. Young Latin American Women are all too familiar with the stereotypes associated with their heritage, but they are determined to break free from these preconceptions. This campaign focuses on showcasing their unique identities, skills, and visions for a brighter future in the political arena to tackle VAWG.
What sets this campaign apart is the incredible diversity of perspectives and experiences these young women bring to the table. Hailing from different countries across Latin America, they have a profound understanding of the cultural, social, and economic issues affecting their communities and the broader UK society. By drawing on this diversity, the campaign aims to provide key findings and recommendations with a holistic approach and an inclusive vision for a better future for all women.
Launching a political campaign is no small feat, and these young Latin American women understand the challenges that lie ahead. They face the barriers typically encountered by women in policy spaces and the additional structural hurdles that come with being part of a minoritised group. Despite this, their hope and determination shine through as they believe social change is possible through persistence, collaboration and advocacy.
The YWAB spearheading this campaign in the UK represents a beacon of hope for communities that have been marginalised. By focusing on gender equality, prevention of every form of VAWG representation, fair access to higher education, healthcare, economic empowerment, and cultural exchange, they are working towards a brighter future for all. Their campaign is a testament to the power of diversity, unity, and the resilience of young voices determined to make a difference in the world. As we follow their journey, we can't help but be inspired by their passion and dedication to creating a more inclusive and equitable society.
You can find further details in this report.
Contact
Taline, the project coordinator, would be happy to talk to you if you have any questions or if you want to participate in our group activities for Young Latin American Women. Contact her at: sinfronteras@lawrs.org.uk / 07802 645001.
Take action to ensure the Victims and Prisoners Bill protects migrant women
Migrant women are disproportionately impacted by serious crime. As recognised by the government, this vulnerability is linked to the limited avenues for support available due to their insecure immigration status. Moreover, perpetrators and exploiters weaponise women’s status to limit their options further, keeping them trapped in harm.
Amongst migrant victims of crime, one of the most significant barriers to accessing support and justice is low confidence in approaching the police and other statutory agencies to report crime and ask for help. This lack of trust is not unjustified but fostered by existing data-sharing agreements between statutory services, including the police and the Home Office. Freedom of information requests (FOI) showed that between May 2020 and September 2022, the police shared the details of over 2,000 vulnerable victims with Immigration Enforcement after victims reported the crime. Some of these victims have been served with enforcement papers and are at risk of deportation. Recently, the Domestic Abuse Commissioner revealed that all police forces in England and Wales have shared information with Immigration Enforcement after victims of domestic abuse approached them for support.
In 2020, three independent police watchdogs conducting a super-complaint investigation concluded that these data-sharing agreements between the police and the Home Office are causing significant harm to the public interest because serious crimes are not reported and investigated, allowing perpetrators to act with impunity.
We need your support to ensure migrant victims and survivors of crime are not excluded from safety.
Write to your MP
- To obtain your MP details, please click here and enter your postcode. We have worked on a template letter to make this easier for you. Click here to download it.
Share this campaign with your contacts
- Follow us on our Twitter account for updates about this campaign and our work.
For further information, contact us:
Elizabeth Jiménez-Yáñez, elizabeth@lawrs.org.uk
Carolina Caicedo, carolina@lawrs.org.uk
Como podemos continuar a nos organizarmos politicamente como comunidade em tempos de crise econômica?
Por Carolina Cal
‘Depois de tudo o que vivi, minha saúde mental e física está no chão, mas só me resta continuar’, disse uma mulher de 62 anos do Equador que imigrou duas vezes antes de se mudar para o Reino Unido há seis anos.
Infelizmente, histórias como essa são muito comuns em nossa comunidade latino-americana, especialmente entre as mulheres, conforme discutido na sessão Entendendo minha história com resiliência e empoderamento: ‘Quando migramos, ainda precisamos continuar ser a melhor mãe, a melhor esposa, a melhor funcionária... é muita coisa para lidar e, se eu falhar em uma dessas funções, me sinto muito culpada, é um ciclo de culpa sem fim’, acrescentou uma participante.
Segundo um grupo de mulheres que participaram de aulas de Krav Maga/ defesa pessoal na LAWRS, a situação piorou após a pandemia. A crise econômica, a exploração no trabalho e o apoio escasso do governo, colocaram muito mais pressão sobre as mulheres, afetando nossa saúde mental, como por exemplo o aumento do estresse e da ansiedade. Além disso, as barreiras para enfrentar esses desafios também se tornaram mais rígidas: discriminação, racismo, falta de oportunidades e segregação ainda são uma realidade para muitas de nós.
Então, como podemos nos organizar politicamente como comunidade se ainda estamos lutando para atender às nossas necessidades básicas?
De acordo com a artista, abolicionista e escritora Patrice Cullors, "o bom trabalho comunitário não acontece quando membras da comunidade estão exaustas ou desgastadas". Por ‘bom trabalho’, Cullors quer dizer organizar-se com amor e compreensão, ao invés de espelhar um mundo baseado em punição e vingança, e que exclui as pessoas mais necessitadas. Em vez disso, ela incentiva a nós, organizadoras, a usar tudo o que temos em nosso arsenal, seja por meio de filmes, literatura ou eventos de partilha de alimentos, para cuidar e inspirar comunidades a sonhar com a possibilidade de um mundo diferente e mais igualitário.
Com a intenção de cuidar das mulheres migrantes Latino Americanas que participam de nossas atividades, WARMI, o programa de ativismo comunitário da LAWRS, fez uma parceria com a equipe de outreach para a realização de uma série de sessões de bem-estar financiadas pelo projeto Davis Peace Prize e produzidas pela voluntária da LARWS, Nickolle Mahaleth Carrasco. O programa incluiu aulas de defesa pessoal, meditação ancestral e oficinas sobre relacionamentos saudáveis e nossas jornadas como mulheres migrantes. No total, houveram cinco sessões com cerca de setenta mulheres participando. As participantes receberam £10 de auxílio transporte, tiveram creche disponível para que pudessem trazer seus filhos e receberam almoço em cada sessão.
Ajuda o fato de recebermos £10 toda vez que viemos e de podermos comer juntas, pois o transporte e a alimentação estão muito caros no momento" - participante.
Para entender melhor as experiências atuais de nossa comunidade, durante o almoço, a coordenadora do programa WARMI fez uma breve introdução sobre organização comunitária e também fez perguntas importantes às participantes sobre suas necessidades como comunidade. Uma das perguntas foi: Se você pudesse sonhar com um futuro para a nossa comunidade, como ele seria? As respostas foram, em sua maioria, sobre "um futuro em que possamos ter acesso a serviços sem sermos discriminadas" e "melhores oportunidades de emprego com pagamento digno".
Analisando as respostas e a dinâmica do grupo nas sessões, podemos notar que nossa comunidade ainda está lutando para alavancar suas vidas em diáspora, encontrando dificuldades para acessar serviços e oportunidades básicas. Na LAWRS, reconhecemos esta situação e entendemos que a luta pelos direitos humanos e por um mundo mais justo pode colocar uma pressão significativa em nossa saúde mental e bem-estar.
De acordo com a curandeira e feminista Maia Q'eqchi'-xinka, Lorena Cabnal, uma das intenções do sistema patriarcal é enfraquecer o corpo das mulheres. Com corpos cansados, doentes e deprimidos, não podemos lutar contra o machismo, o racismo, o neoliberalismo e a pandemia, acrescenta ela. Portanto, ao tentar responder à pergunta sobre como nos organizarmos como comunidade em tempos de crise econômica, precisamos primeiro considerar as circunstâncias em que a comunidade está vivendo e como financiadores e as organizações podem a) facilitar o engajamento no ativismo e b) proteger as mulheres do próprio ativismo.
Facilitar o engajamento no ativismo significa atender à comunidade em suas necessidades. Por exemplo, se a comunidade não tiver condições financeiras para chegar até as atividades, as organizações devem ser capazes de fornecer os meios para isso, reconhecendo o tempo, conhecimento e experiência de cada participante. Dito isso, é fundamental que o trabalho das organizações não seja apenas informado pela experiência das participantes, mas conduzido por elas. Os detentores do poder e os tomadores de decisão devem reconhecer o impacto de uma das maiores taxas de inflação do Reino Unido de todos os tempos e, portanto, evitar expectativas de engajamento que não estejam de acordo com as necessidades atuais da comunidade.
Além disso, se quisermos que nossa comunidade e suas próximas gerações se mantenham firmes em seus próprios pés, nós, organizações, devemos fornecer de forma contínua as ferramentas para isso. Na LAWRS, nós oferecemos um apoio holístico, ou seja, que enxerga a mulher migrante como um todo, considerando as barreiras do processo imigratório e prestando serviços especializados, gratuitos e confidenciais, que vão desde serviços psicológicos, assessoria jurídica em benefícios sociais, moradia e direitos trabalhistas até espaços comunitários. Acreditamos que essa seja uma das maneiras de proteger nossa comunidade: oferecendo espaços seguros onde as mulheres migrantes possam refletir sobre suas próprias vidas, entender seu papel na sociedade e adquirir as ferramentas e habilidades práticas e emocionais para fazer as mudanças que desejam ver.
Vir a essas sessões foi a melhor coisa que eu poderia fazer por mim mesma. Estou sozinha neste país e tenho me sentido um pouco ansiosa porque estou tendo que tomar algumas decisões difíceis em minha vida no momento. Aqui me senti apoiada, acompanhada e ouvida.
Como expressou esta participante no último dia das atividades, os espaços comunitários seguros podem servir como um abraço quando o mundo ao nosso redor parece desmoronar. Então, como podemos continuar a nos organizarmos como comunidade em tempos de crise econômica? Como uma organização de e para mulheres Latino Americanas, a LAWRS compromete-se a continuar oferecendo espaços de apoio a comunidade e os meios para que mulheres possam a acessar estes serviços, fornecendo as ferramentas necessárias para que as mulheres latino americanas continuem lutando por seus direitos de uma forma que não nos adoeça, mas que cuide de nossa mente, corpo e alma.
‘Nessas sessões, entendi que tenho o direito de ser ouvida e valorizada por quem eu sou.’
Behind Closed Doors: Experiences of Latin American Domestic Workers in the UK
The Latin American Women’s Rights Service (LAWRS) has published its latest report, Behind Closed Doors: Experiences of Latin American Domestic Workers in the UK.
This research, made possible by funding from Trust for London, draws from 12 in-depth interviews with Latin American victims and survivors of domestic servitude. This study outlines the characteristics of the sector, highlighting the high levels of isolation, exploitation and abuse that are endemic within it, and looks into the specific ways these affect women workers in the Latin American community.
Latin American women are overrepresented in domestic work in the UK, a highly feminised and unregulated sector where work is seen as unproductive and unskilled, and where the workforce is virtually invisible. Many of the women we interviewed were exposed to experiences that amount to domestic servitude.
Some of our key findings were:
- 83% of women were not provided with written contracts throughout their employment and 92% were not provided with payslips.
- All women experienced breaches of verbal agreements.
- 83% were expected to perform different tasks to what was agreed during recruitment. At least 58% were hired as either cleaners/housekeepers or carers but were expected to perform both tasks.
- All participants experienced an increase to their working hours, leading to little to no time off.
- 10 out of 12 participants worked at least 12 hours per day, the longest working day being 17 hours per day.
- 70% of participants did not have a paid holiday.
- At least 58% were not registered with a GP.
- At least one participant experienced sexual harassment in the workplace.
- 58% experienced mistreatment, including verbal or physical abuse, and threats.
- At least 25% were tracked or surveilled by their employers, including when they were not working.
- All participants felt they did not have the option of changing their working conditions.
- All participants related signs of isolation and an inability or fear of seeking help.
- 50% of the participants were victims of trafficking for labour exploitation.
The difficulties in identifying exploitation and abuse in the sector, coupled with a lack of options and understanding of how to access support by workers, lead many women to remain in these conditions for long periods of time.
Adding to their vulnerability, migrant domestic workers in the UK are exempt from essential labour rights and are subjected to an anti-migrant rhetoric and environment that creates fear and anxiety over their immigration status, regardless of their situation.
Crucially, traffickers and exploiters benefit from this system that allows them to use workers’ anxiety over immigration status as an effective form of control and coercion, all the while knowing that they will not face any consequences for their actions.
The disregard for the working conditions of migrant domestic workers goes against the UK’s goal to end modern slavery, and there is much that the government can do to ensure that workers are treated fairly and do not fall into exploitation. Read our report here to see our recommendations.
“When I was told that I had to be available, I did not imagine that this included my days off […] I did not imagine late nights. ‘Available’ means I am there, in the house. I will be living in the house so I could, if she needed something, be available. But not 24/7. So I accepted, but I never thought that things would change later.”
Join our Young Women’s Advisory Board
At LAWRS, we are looking for 10 enthusiastic Latin American Young Women aged 18 to 24, based in London, to join our Young Women’s Advisory Board for six months.
What’s it about?
The Young Women’s Advisory Board is an initiative by the Latin American Women’s Rights Service (LAWRS) and its project for girls and young women: Sin Fronteras. The programme seeks to train Latin American Young Women for collective action at the intersection of migration, age, and gender, amongst others.
This programme provides you with theoretical and practical skills in feminist leadership and advocacy that you will be able to apply in your life, your career, and your community.
The program will be held in English and Spanish, and meetings will be in-person in London.
Who’s it for?
Latin American Young Women aged 18 to 24, based in London, are invited to participate in the Young Women’s Advisory Board and will receive a stipend to support their engagement in the programme (at London Living Wage levels).
Please note: this also includes first and second-generation young women with Latin American ethnicity and European/UK nationality.
How?
The six-month programme (Sep.2023-Feb.2024) consists of a 4 sessions Leadership and Advocacy training (Saturdays, Sep.2023), 4 monthly meetings, and a 4 sessions training and discussion series about tackling violence against women and girls (VAWG) as Latin American young migrant women advocates (Saturdays, Feb.2024).
Programme Timeline
Programme Starts: Saturday 09th September.
Leadership and Advocacy training sessions: Saturdays 09th, 16th, 23rd and 30th Sep.2023 (11 am – 3 pm) in-person in London.
Young Women’s Advisory Board monthly meetings: Saturdays, Oct. 21st, Nov.04th, Dec.16th, and Jan.20th (11 am - 2 pm) in-person in London.
*These dates will be discussed with the participants during the training sessions in September to find out if a different availability suits them better.
Training and discussion series: tackling violence against women and girls (VAWG) as Latin American young migrant women advocates: Saturdays 03rd, 10th, 17th, and 24th Feb.2024 (11 am – 3 pm) in-person in London.
*These dates will be discussed with the participants during the training sessions in September to find out if a different availability suits them better.
Program Ends: Thursday 29th February 2024.
Benefits
With the Young Women’s Advisory Board, you can gain skills, meet new people, and influence LAWRS’ policy work bringing youth voices to the centre of the organisation and the public debate.
Get involved in the work that we do, get paid for your time, gain valuable experience to include in your CV, get trained in leadership and activism, and be invited to LAWRS events and beyond!
This is your chance to create a more equal world for girls and young women, participate in a collective social change actions programme to tackle violence against women and girls (VAWG), and shape LAWRS’ policy work.
Apply Now!
Apply online using our Application Form: https://forms.gle/
Applications are open until Wednesday, 06th September 2023.
Please note that completion of the application form does not guarantee a place in the programme. If your application is accepted, you will be invited to an online interview/call in the following days. If selected, you are expected to attend the opening Leadership and Advocacy training in September.
Contact
Melissa, the project coordinator, would be happy to talk to you if you have any questions or need support with your application. Contact her at: melissa@lawrs.org.uk / 07802 645001.
We would be grateful if you could also share this information with your network, as we want to ensure many young women know about this opportunity, especially those with a passion for making a difference in the lives of women and girls.
Thank you for taking an interest. We can’t wait to hear from you!